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sábado, 31 de março de 2012

Madrugada - Riselda Morais

É madrugada
de uma noite muito gelada
Estou trancada
em meus pensamentos
Penso em “tudo”...
Penso no “nada”...

Ouço passos...

Do casal apaixonado,
que aquecido pelo amor
curte o vento gelado,
da fria noite de inverno,
nas ruas desta cidade,
sorrindo descontraídos,
percebo não são vividos,
mas curtem sua boa idade.

Fazendo parte do tudo
Eles sequer perceberam,
que passaram por pessoas
que com o frio se encolheram,
embaixo de papelões,
sem lençóis e sem colchões,
os seus filhos protegeram,
embaixo de uma sacada,
onde a rua é sua morada
destino que não escolheram.

Na miséria estavam unidos,
sem perder a esperança,
de recuperarem a vida,
mas o lar era uma lembrança,
de um passado distante,
que não foi bom o bastante,
para mantê-los protegidos
acolhidos e aquecidos!

Foi ai que percebi
Que nada do que vivi
Serviu-me como lição
O que uns não querem
machuca o meu coração

Se a miséria é invisível
Pode ser observada
A vida é imprevisível
Mas pode ser melhorada

Um olhar com atenção
E um pouco de boa vontade
Pode ser a solução
Para os pobres da cidade!

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